Inicialmente nos cabe esclarecer o que
a comunidade nacional e internacional considera como conceito de Doping ou
Dopagem, atualmente utilizado como sinônimos, sendo este, portanto, a
administração, proposital ou não intencional, de substancias
pertencentes as classes de agent4es farmacológicos proibidos e/ou do uso de
métodos ilícitos proibidos pelo Comitê Olímpico Internacional a fim de obter
melhor performance. Sendo assim,
conforme estabelecido pela FIMS (Federação Internacional de Medicina Esportiva)
e pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), a proibição do doping visa o
respeito a ética médica e esportiva, e a proteção dos atletas sobre uma
vantagem desleal que pode ser obtida por atletas que utilizam substâncias ou
métodos proibidos para melhorar o desempenho, bem como, dos possíveis efeitos
colaterais prejudiciais à saúde que algumas substâncias e métodos podem
produzir.
Assim,
nas palavras de Juan Antonio Samaranch, ex presidente do COI:
" O Doping é
fraude. O Doping é consangüíneo com a morte. Morte fisiológica causada pela
alteração profunda, algumas vezes irreversível, dos processos normais através
de manipulações injustificáveis. Morte física, como certos casos trágicos
mostrados nos recentes anos. Mas também, morte espiritual e intelectual, pela
aceitação de fraudar e ocultar a capacidade de alguém, pelo reconhecimento da
incapacidade de alguém ou relutância em aceitar-se ou transcender seu limite. E
finalmente a morte moral por excluir-se de fato das regras de conduta
requisitadas por toda a sociedade humana."
Feitas as considerações iniciais
temos que atualmente muitos atletas utilizam de mecanismos eficazes na melhor
do desempenho esportivo, todavia, mecanismos considerados ilegais. Inúmeros são
os atletas conhecidos que já sofreram punições pela utilização de substância
farmacológicas que provocam alterações físicas capazes de transformar a
performance e atuação na competição. Tal fato é visivelmente condenado
atualmente tendo em vista os princípios estabelecidos pelo COI no tocante a
ética, a saúde e a concorrência legal entre os atletas de elite. Analisando
cada um destes princípios tomaremos conhecimento das bases de fundamentação da
Política Antidoping.
Temos que a Ética se fundamenta no ponto
de vista universal, ou seja, ao contrário de um juízo particular, a ética
baseia-se do ponto de vista do espectador imparcial. Sendo assim, no que
concerne a ética esportiva, ou fair play,
seu julgamento considera grandes tradições de ética e do esporte, já que este
ultimo possui tradições éticas próprias. Neste aspecto, temos que o fair play, enquanto elemento de Educação Olímpica e
valor central do Olimpismo, pode também ser "referido como espírito esportivo,
jogo limpo, legal, honesto, correto, propõe-se como uma estratégia de educação
de valores éticos e morais" (CONSTANTINO, Marcio Turini Análise
de atividades de Fair Play em olimpíada escolar como reforço do desenvolvimento
do espírito esportivo. In Coletânea de textos em estudos olímpicos.
Editores Marcio Turini e Lamartine DaCosta. Rio de Janeiro: Editora Gama Filho,
2002. p.
261). Assim, podemos constatar que o fair play
compreende, além do respeito às regras, noções de amizade, de respeito pelo
outro competidor e do espírito esportivo. Isso porque o desporto é uma
atividade sócio-cultural, que promove o conhecimento interior de cada atleta, a
sua expressão e realização.
Todos sabem que a
utilização de substancias controladas, exclusivamente para o aumento do
desempenho do atleta em competições, acarreta prejuízos à saúde, e, por isso, a
política antidoping prevê a preservação da integridade física do atleta. No
mais, algumas questões ainda devem ser discutidas, principalmente no que tange
ao envolvimento de médicos especializados em medicina esportiva que buscam
recordes e concorrência na prescrição de drogas que melhoram a performance do
atleta. Temos que utilizar a inter-relação entre a medicina esportiva e a saúde
como objeto de atuação profissional como fator de auxílio na melhora do
desempenho, sem a utilização de drogas, a fim de que as novas gerações preocupem-se
com a saúde, bem-estar e qualidade de vida. Além disso, atletas que fazem
uso de drogas costumam apresentar posteriormente doenças no coração, rins,
fígado, ossos e até no cérebro e, portanto, nas palavras de Margaret Goodman, neurologista
e presidente da Associação Voluntária Anti-Doping, “A esperança é que através da
educação dos atletas, com a conscientização dos perigos de substâncias
dopantes, os benefícios da competição limpa se tornem óbvios e onipresentes”.
Atualmente temos
diversas tecnologias utilizadas no esporte como melhoria na perfomance e rendimento
do atleta, o que, de fato, gera maior igualdade de concorrência entre os competidores.
É evidente que o doping acaba por gerar completa desigualdade na atuação dos
atletas de elite competidores na busca pelo ouro, o que, de fato, devora o
espírito esportivo que o fizeram atuar da primeira vez.
Assim, temos que a dificuldade
na identificação de novas substâncias, a evolução dos métodos, a banalização do
consumo de medicamentos no esporte, conjugados entre si, têm sido
historicamente apontados por boa parte da doutrina como causas da sistemática
defasagem dos exames antidoping. Tais fatores aliado a extrema exigência da
auto-superação, à hiper-valorização da vitória, acaba por esconder o real valor
do esporte salientado pela premissa de “quem pratica o esporte lealmente é
sempre vencedor”. No mais, a realidade financeira dos atuais
atletas que, mesmo sem condições, atuam de forma a atingir a excelência por
seus próprios méritos, objetivando não apenas a vitória, mas a melhora no
rendimento e a diversão da prática. Isso sim deve ser valorizado pelas
autoridades. A educação, a cultura, aliados a questões sociais e legais
poderiam restaurar o espírito esportivo, tão imprescindível as novas gerações
de atletas, atualmente representados por crianças e adolescentes. Por sisso,
cabe finalizar com a seguinte frase:
"O espírito esportivo valoriza a inteligência,
o corpo e o espírito do homem, se distinguindo pelos seguintes valores: ética, fair play e honestidade; saúde;
excelência no rendimento; caráter e educação; diversão e alegria; trabalho de
equipe; dedicação e engajamento; respeito pelas regras e leis; respeito por si
e pelos outros participantes; coragem; comunidade e solidariedade".
Escrito por Ignez Fecchio
Diretoria de Marketing da HPS
www.highperformancesports.wordpress.com
Escrito por Ignez Fecchio
Diretoria de Marketing da HPS
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